Ter ou não filhos? Ter ou não mais filhos? - Difíceis questões

Teve uma época da minha vida que eu me questionei sobre ter filhos. Foi breve, passageiro mas eu me questionei. Entretanto, a vontade de tê-los acabou aparecendo um pouco antes de engravidar da minha primeira filha. Tudo parecia meio uma telenovela. Eu, particularmente, tinha uma visão bem romantizada. Devido a tudo isso, puerpério me puxou pelo pé e por quase dois longos anos, ele esteve ali me atormentando.

Eu nunca quis ter duas filhas (na verdade, eu até quis mas por um período bem breve de tempo novamente). A frase correta seria: Eu não queria um segundo filho quando me vi grávida novamente. O dia que eu visualizei o trabalho e a dedicação extra que seria uma segunda criança na minha vida, eu desisti de dar um irmão a Maria Eduarda. Estava feliz e satisfeita com a minha decisão. Juliana chegou chegando quando eu menos esperava. Apesar do amor imenso e dela ter preenchido lacunas na minha vida que eu não imaginava, de ter me ensinado tanto sobre fé, paciência e escolhas, os pontos que me fizeram decidir anteriormente sobre não ter outro filho seguiam presentes. 

A decisão de ter um ou mais filhos é totalmente pessoal. Parte do montante em não querer outro filho envolvia a minha disponibilidade e flexibilidade que ia ser ainda mais reduzida, os manejos necessários para lidar com crianças doentes, faltas no trabalho e obviamente financeira. Quando Juliana chegou foi absurdamente difícil. Me senti muito dividida por ficar sozinha, conhecendo aquela bebezinha que era um milagre na minha vida e de estar com minha filha mais velha que sofria demais por não ter mais minha total atenção. A chegada dela mudou a relação que eu tinha com todos, em especial com a minha filha mais velha, que teve que achar seu novo caminho e novo lugar na nossa família. Eu tive que resgatar nosso relacionamento e descobrir no que ele havia se transformado. Falam por aí, que o tempo é um ótimo remédio para acertar as coisas e tem sido mesmo.

Longe de mim querer algum dia romantizar ter filhos, muito menos ter dois ou mais filhos. É difícil, é complicado, é cansativo em escala potencial. Como eu digo para todas amigas já mãe ou não mãe, se vocês puderem optar, só tenham filhos ou mais filhos se desejarem. Não se prendam a família de margarina, os desejos de terceiros, a idealização de dar um filho ao companheiro. Tudo isso pode se desfazer como nuvem no céu. O que importa é seu desejo. Feche os ouvidos para os pitacos e siga os seus anseios porque é você que será a principal cuidadora desse novo ser. Uma criança pode mudar a vida de todos ao redor mas jamais vai mudar a vida de alguém como muda a vida de sua mãe (tanto positivamente quanto negativamente).

Entretanto, o estar pronta efetivamente nunca chega, sabe? Não há uma idade certa, um protocolo de dezenas de pontos que você deve preencher totalmente os requisitos, local certo ou trabalho certo. Ninguém é capaz de nos preparar para o furacão que é ter um filho. E adiciono aqui, que ninguém igualmente nos prepara para o furacão que é ter os demais filhos.


Comentários

Postagens mais visitadas