Parece uma bola de pingue pongue

Maria Eduarda estava no ponto de ônibus com a avó aguardando o ônibus, que ela pega todos os dias pra ir a escola, quando passou um grupo de crianças para aguardar também o ônibus. Eis que, do outro lado da rua, passa um menino gordo caminhando para casa. O grupo de crianças comenta entre si:

- Caramba, aquele menino é tão gordo que parece uma bola de pingue pongue!

Maria me contou a frase que ouviu. Ela anda numa fase que capta as coisas erradas mas não sabe justificar, defender ou explicar. 
Diante da pergunta dela que ficou no ar, eu repliquei outra pergunta:

- Como é uma bola de pingue pongue?

Uma bola de pingue pongue é sempre redonda, pequena e branca. Sendo um objeto sem vida como compara-la a uma criança? Uma bola de pingue pongue não tem olhos, boca, nariz, afetos, coração, cérebro. Não ri, não corre, não chora, não sente nada. Portanto, é impossível um menino se parecer com uma bola de pingue pongue. O menino sempre vai se parecer com ele mesmo. Diferente de todos os outros meninos do mundo como todas as pessoas. Ninguém é igual. Dono de um corpo que é só dele e que só diz respeito a ele. Um corpo que leve e traz da escola pra casa, que permite brincar com amigos, comer, se divertir, respirar e sentir.  Julgar o corpo do menino gordo para classifica-lo como bola mostra muito o quanto estamos distantes do amor ao corpo e de diversificar os corpos. Enxergar de verdade e parar de achar que há um corpo certo ou errado, um corpo útil e outro inútil.


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