Meu corpo, minhas regras! E quando a gente é gorda?
Há
alguns dias atrás eu vi num grupo do facebook sobre emagrecimento o seguinte
comentário sobre uma moça que havia emagrecido muitos quilos: “Tá linda! Aquela
não era você!”
Esse
comentário ficou martelando na minha cabeça e me incomodou demais. Não que ela
não estivesse linda. Ela estava sim e pela foto do antes, ela sempre foi linda.
Daqui a pouco eu falo do “ser linda é ser magra”.
O
ponto que mais me surpreendeu foi o “aquela não era você”. Por que não era? Não
sei quantos anos aquela pessoa viveu gorda mas tenho certeza que ela viveu
muitas coisas. Deve ter vividos amores, viagens, talvez uma gravidez, filhos,
risadas, transas, brincadeiras. De repente, aquele corpo gordo não pertencia
mais a ela e consequentemente, tudo que ela viveu com ele foi minimizado junto
com seu emagrecimento. Tudo se apagou! Quantos anos? Quantas histórias num
“corpo que não era seu”?
Estamos
vivendo uma expansão enorme do feminismo mas até aonde vai o famoso “Meu corpo.
Minhas regras.”? Por que estamos associando a beleza a forma física? Por que
tem o rosto tão bonito? Por que o corpo não é bonito também?
Um
corpo que trabalha todo dia, que se alimenta, que dança, que ri, que gera, que
pari, que amamenta, que pula, que rir de se jogar no chão, que brinca, que
transa, que ama não é um corpo bonito?
Por
que ainda batemos na tecla de que serei feliz quando emagrecer? Por que as
pessoas se sentem tão felizes quando emagrecem?
Talvez
porque vendemos que ser gordo é ser feio, é ser preguiçoso. Porque talvez as
roupas sejam feitas para que não vistam bem ou as vezes são inexistentes.
Porque talvez usar o transporte publico seja difícil com suas roletas e braços
nos assentos. Talvez porque todo dia alguém fale de como seu rosto é bonito
mas...
E
vemos crianças pequenas falando em dieta. Querendo se encaixar num padrão de
peso ideal. O que é peso ideal, afinal? Existe formula pra isso? Estamos
ensinando as nossas crianças que nosso corpo é um templo e que ele é lindo e
belo seja gordo, magro, alto, baixo? Ou estamos ensinando o oposto?
Amar
o seu corpo gordo é uma tarefa tão árdua. Envolve se livrar dos fantasmas da
infância e descobri que você sempre foi linda e especial e que beleza e saúde
não tem tamanho. Não somos bombas relógio. Não se preocupem com nossa saúde.
Deixe que eu mesma me preocupo com ele.
Estamos
opinando no corpo alheio quando na verdade, a opinião alheia nunca foi
solicitada. O famoso “Meu corpo, minhas regras” nunca foi tão necessário. A sua
opinião sobre meu corpo, você pode guardar pra você.
Comentários
Postar um comentário