Perfeição? Não é a mamãe!


Nos últimos dias eu vi alguns comentários sobre a "mãe perfeita", que gerou essa reflexão.

Se tem uma frase que a gente escuta muito por aí é:
"Ninguém é perfeito!"
"Nem Jesus agradou todo mundo!"

Quando a gente reflete isso na maternidade, pode acreditar que perfeição não existe.
Nem quando a gente idealiza a maternidade, somos perfeitas.
Isso acontece simplesmente, porque a maternidade não tem GABARITO.
Ninguém faz prova para ver se foi aprovada como mãe quando o filho cresce.

A maternidade envolve escolhas e possibilidades.
Se fora da maternidade, poder de escolha é privilégio, no mundo materno ainda mais.
Poucas são as que escolhem. Muitas são as que simplesmente maternam como podem.
Maternar tem muita influência da sociedade, da historia, do tempo.
Observe na sua familia quantas maneiras de maternar diferentes você escutou ou vivenciou.
Da mãe, da avó, da tia, da prima.

Ainda sobre escolher, tem mãe que vai pautar todas as suas escolhas baseada na ciência, no que recomenda OMS e órgãos afins. Pode acreditar que vai esbarrar no MUNDO INTEIRO que não compreende sua escolha. As vezes, vai esbarrar nas suas possibilidades.
A mãe que escolhe (e pode escolher) seguir essa diretrizes vive o contrario do mundo.
Do mundo que acha tudo isso meio over ou exagero, radicalismo.
E não, ela não é perfeita por isso.

A mãe que é "puramente instintiva", que age como acha que deve ser feito, também fez suas escolhas. As vezes escolhas bem informadas, as vezes só possibilidades.
Essa mesma mãe também não é perfeita.
A mãe do "meio termo" vive no senso comum mas vive com um fantasma na cabeça.
O julgamento das mães do radicalismo.
Há o temor da sentença: Não estar fazendo o melhor para o seu filho.

O que afinal é o melhor pros nossos filhos?
Há manual pra criar um filho?
Há filho feliz e saudável num binômio mãe-filho desgastante?

Com materner diferentes, vemos mãe exigindo o direito de fazer algo pelo/com seu filho sem opiniões alheias, sem parecerem relapsas para algumas ou xiitas para outras.

Entre a mãe das evidências e esta mãe do "senso comum" estão as mesmas imperfeições. Nos momentos da crise, nenhuma metodologia ou ausência dela, as diferenciam. As dificuldades, aquela sensação do "pior de mim" aparecem do mesmo jeito, uma hora ou outra. Tá pra nascer mãe que não se arrepende. Mãe é o ser que mais leva tudo que cuspiu pro alto bem no meio da testa.

Não há engano. Perfeição não é pra mães.
Perfeição lembra santidade, super heroína.
Nós só somos mães.
Não somos SÓ a mulher com bebê fofinho no colo como no comercial da TV.
Sentimos raiva, frustração,
Gritamos, ameaçamos, barganhamos
Queremos sumir,
Somos impacientes,
Choramos  de exaustão,
Desejamos o silêncio por alguns minutos;
nunca mais cozinhar na vida (aquela criança não come!!!)
Sonhamos com um dia poder ir ao banheiro em paz,
em dormir 8h seguidas
Há muito de uma mãe no momento de crise.
Há muitas mães vivendo em uma mesma mãe.
Perfeição, passa longe daqui.

Se não há perfeição, manual de instrução, cartilha ou receita de filho, por que há ainda falamos tanto de maternidade e perfeição?

Não há UM caminho a seguir, há n possíveis.
Tanto em momentos de lucidez, quanto em momentos de crise.
Na crise, somos todas iguais e estamos todas iguais.
A maternidade é assustadoramente SOLITÁRIA.
A sociedade vira a cara pras mães.
Coloca a gente, no cantinho do fundo da sala, de castigo (opa!!!)
A perfeição além de beirar o inatingível, nos afasta, mães, terrivelmente.
Quase um grito de ME DEIXA EM PAZ!

Desfazer a imagem que temos da maternagem alheia é tarefa árdua.
Descobrir que não existe "menos mãe" é imprescindível.
Não vamos nunca usar este termo porque não existe mãesimetro.

Você que leu até aqui quantos rótulos a mães e a maternagem anotou?
A pracinha, a escola, a internet está cheia deles.
Rotular maternagem é algo sem fundamento.
Escolhas envolvem vivências, possibilidades, cultura, criação anterior, desejos.
Cada maternar é único!
Cada mulher vai achar o seu caminho!
Cada mulher pode refazer seu caminho.
Ele não será nem melhor, nem pior.
Apenas o seu caminho. Sem perfeição. Com vigia. Com amor.


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