Mãe, mãe, mãe - um retrato da maternidade solo

A maternidade solo não é um termo novo para mim. Eu tinha amigas que viviam a maternidade solo após a separação ou após o genitor (pai?) não assumir o filho. No entanto, definitivamente, há situações na vida que apenas a vivência realmente te mostra a realidade nua e crua do momento. A maternidade solo é com certeza uma delas.

Ser mãe solo não é com certeza uma escolha para a maioria esmagadora das mulheres. Raras são as mulheres que tem um filho e estão satisfeitas de assumi-lo integralmente. A maternidade solo simplesmente acontece e não confunda aqui com estado civil. Você pode estar solteira ou separada e não se considerar uma mãe solo.

A maternidade solo fala muito pelo próprio nome. É você, só você, o tempo todo é você, mãe, que vai segurar as pontas, que vai tomar decisão, que vai cuidar de filho mesmo que você esteja doente, que tenha que trabalhar. É você que não pode escolher se vai aparecer, que não vai decidir se dá para buscar a criança hoje ou não. É você que vai dar seu jeito. Normalmente não porque você quer, mas porque o outro responsável pela criança, deixou a parte dele na sua mão.

Maternidade solo é solitária. Ela não consegue sobreviver financeiramente e emocionalmente com ninguém. Não há momentos pra si. Não há tempo sem as crianças. As "sortudas" conseguem vivenciar outras facetas de 15 em 15 dias, quando o pai pode, quando o pai visita. Não há namoro que sobreviva, não há amigos que aguentem, não há família que entenda.  

Mãe solo engole seco, escuta desculpas bobas, fica em silêncio quando a vontade era de colocar o dedo em riste. Mãe solo é vista como louca e apegada porque é difícil demais lutar todo dia. Mãe solo tem dias que se pergunta se tem mais lágrima para chorar ao mesmo tempo, que enxuga as suas, para acolher a do filho, porque o pai prometeu e não cumpriu (de novo!).

Mãe solo idealiza até descobrir que idealizou e que é sim, integralmente responsável pelo seu filho, mesmo quando falam em guarda compartilhada. Mãe solo falta trabalho, leva ao pediatra, socorre, corre, se apressa, falta de novo, procura, acha, dá beijo, liga pro pai para ouvir "hoje não posso", inventa desculpa pra ausência, justifica, conta moeda, sobrevive na tríade casa-trabalho-filhos, no típico "todo dia ela faz tudo sempre igual". Mãe solo decide tudo, faz dever de casa todo dia, desembola briga de criança. 

No fim, o que invade é a sensação que você está sozinha, que não há ninguém para compartilhar os prazeres e os desafios da criação dos filhos. Sozinha, vivendo o sentimento que é tão típico da maternidade, a solidão. Respirando também responsabilidade de ser para aquela criança um pilar mais forte do que você realmente é ou que desejaria ser.




  



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