Ouvir, negociar, respeitar, educar = Empatia

Comecei e recomecei esse texto várias vezes e novamente, como vou relatar o meu caso, vou narrá-lo na primeira pessoa, para demonstrar a minha experiência e as coisas que descobri até aqui e ainda descubro.

Quando estive grávida, nunca imaginei que esse mundinho chamado maternidade houvesse tantas possibilidades, ideais e opções. Para mim era muito preto no branco, é isso e pronto. Descobri com tempo que não é bem assim. Existe uma monte de opções por aí pelo mundo da maternidade e minha única intenção hoje, é fazer minha opção de forma tranquila e segura, certa do que estou proporcionando a mim e a minha filha.

Um dos meus maiores discursos antes de ter filho era: "um tapinha de leve, não dói", "prefiro palmadas a castigo", "vai fazer o que eu falei e pronto, acabou!"
Só mais um cuspe pra cima, que caiu bem na minha testa. Pois bem, Maria Eduarda nasceu e de repente eu me peguei pensando: "Por que eu bateria nela que é meu maior tesouro?", "Deve ter uma alternativa pra tudo isso sem criar uma tirana".

Eu tenho uma filha calma, garota tranquila mas ao mesmo tempo, que não para quieta, com energia que supera a minha em milhões de vezes. Eu não consigo acompanha-la! Definitivamente não! Então, eu poderia optar por passar os dias gritando: "NÃO!NÃO!SAI DAÍ! FICA QUIETA! NÃO! NÃO!". Com certeza, eu ia ficar rouca e a primeira palavra dele teria sido "Não".

De repente, pareceu tão mais simples falar com ela, ouvi-la. Ouvi-la de verdade. Mostra-la que eu estava prestando a atenção na necessidade dela, que muitas vezes, era apenas pegar o outro lápis de cera, trocar de chinelo. Conforme ela foi crescendo, a conversa se intensificou, começamos a negociar, no estilo: "Mamãe, quero desenhar!". "Vamos desenhar sim, filha, mas antes vamos tomar um banho! Quer levar um brinquedo pro banho?"
(PS: Maria odeia tomar banho comigo. Acho que sou apressada demais. Ela sempre prefere o pai)

Nossas negociações surgiram de repente e se tornaram nossa forma de educar. Ouvir, negociar e quem sabe as vezes, ceder. Afinal, quantas vezes amigos me cederam algo que não era possível, familiares, marido? Por que não ceder a minha filha? Não! Ela não vai virar uma tirana porque hoje deixei ela brincar mais um pouco.

E como tô longe, léguas de ser 100% assim, eu me perco as vezes. Grito, esqueço de tudo que pratico normalmente e escuta só: tudo fica mais difícil. Quando eu perco a razão, eu peço desculpas. Poxa, mãe também erra. Se eu quero ensina-la a perdoar e pedir perdão, tenho que mostrar que isso é natural, que não é ruim se desculpar.

Educar no papo, na conversa, me exige muito olho no olho, paciência (muita paciência) e empatia. Se eu com quase 30 anos tenho dificuldades de lidar com minhas frustrações, imagina uma criança de 3 anos? Posso exigir isso dela? Não faz sentido pra mim. Dessa forma, o choro fica mais compreensível e mais fácil de lidar.

A palmada na minha humilde opinião, nada mais é que resultado de um descontrole. Descontrole esse causado por mil fatores externos e que aquele chorinho da criança age como gota d'agua. Dá pra evitar? Bem, eu conto até 10 (1000 se precisar), me afasto para respirar um pouco e normalmente as coisas se ajeitam. 

Educar conversando abre a porta pro diálogo e pra confiança, sentimentos tão importantes e que ficam tão perdidos entre pai e filhos no mundo de hoje.






Comentários

  1. Um dos seus posts mais lindo Marcela!!! É bonito ver como em tão pouco tempo de maternidade vc já tenha essa consciencia e percepção da forma de educar... O desfecho ficou perfeito.. Acho q a confiança é um dos sentimentos mais importantes na relação entre pais e filhos... Se todos os pais parassem, respirassem, tivesse paciência e negociassem ao invés de remprimir, teríamos pessoas melhores nesse mundo com tanta desigualdade. Mas, muitas das vezes, isso parece tão difícil e a repressão acaba sendo a maneira mais fácil, infelizmente.

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    2. Um dos seus posts mais lindo Marcela!!! É bonito ver como em tão pouco tempo de maternidade vc já tenha essa consciencia e percepção da forma de educar... O desfecho ficou perfeito.. Acho q a confiança é um dos sentimentos mais importantes na relação entre pais e filhos... Se todos os pais parassem, respirassem, tivesse paciência e negociassem ao invés de remprimir, teríamos pessoas melhores nesse mundo com tanta desigualdade. Mas, muitas das vezes, isso parece tão difícil e a repressão acaba sendo a maneira mais fácil, infelizmente.

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  2. amei, mto legal mesmo viu?! Minha filha está com 2 aninhos e tá numa fase terrível. Eu concordo com vc que bater é resultado de descontrole, e ando me descontrolando bastante, tadinha...
    Eu amei suas dicas e vou tentar fazer igual lá em casa, espero que as coisas melhorem ump ouco. Obrigada e abraços.

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