Reflexão de uma mãe: Qual a relação entre o dia internacional da mulher e a criação dos filhos?

Confesso que eu nunca dei muita bola pra essa data que tantas mulheres adoram. Nunca entendi porquê mimar, dar presentes numa data como o dia internacional da mulher. Pra mim, sempre foi uma data representativa, da luta das mulheres por melhores condições de vida e de trabalho mas nada além, de uma data representando alguma situação histórica.

Antes de ser mãe, eu tinha muita dificuldade de ver toda essa divisão de gênero de forma clara. As consideradas “atividades típicas das mulheres” e “as atividades típicas dos homens”. É uma relação tão enraizada dentro da gente, que tem situações tão sutis desse tipo de separação homem/mulher que nem notamos no nosso dia a dia. Por exemplo, quem aqui não pede ao marido para “ajudar” com filho? Como se o papel de um pai, fosse apenas “ajudar” a trocar uma fralda, dar um banho.

Eis que um dia, você que achava que nada tinha a ver com essa perpetuação da desigualdade entre os gêneros, tem uma filha. Sim, uma filha, que vai crescer, estudar, trabalhar. Uma filha que pode querer ser jogadora de futebol, astronauta, lutadora. Uma filha que pode apreciar um boliche, encher a cara, odiar serviços domésticos, não saber cozinhar, odiar livros de romance, amar ficção científica.

Sim. Ela pode tudo isso. Eu mais do que nunca, tento mostrar minha filha que ela pode sim, fazer o que ela deseja, gostar do que ela quiser, ser quem ela quiser. Na mesma via, que ela respeite e aceite com naturalidade a mesma opção de escolha do outro.

O estereótipo da menina que gosta de bonecas, que ama bichinhos de pelúcia, que é frágil, que ajuda a mamãe em casa e precisa ser protegida, é um resquício da NOSSA criação. Da criação das pessoas da nossa fase etária. Por que menina não pode andar descalça, brincar de carrinho, de avião, curtir “personagens masculinos”? Por que o rosa é de menina e o azul é de menino? Afinal, que eu saiba, cores não tem sexo.

Outro dia num parquinho, minha filha brincando num helicóptero, desce do escorrega toda tristonha porque o menino disse que o “helicóptero é brinquedo de meninos e que ela deveria ir pra casinha”. Foi tão triste, vê-la assumir, assimilar diferenças como essa, que nunca deveria atingir crianças de 2 anos. Mais triste, é ver um menino de uns 5 anos, reproduzindo uma postura assim, reflexo da nossa sociedade, de nossos pais.

Sabe quem tem poder de deixar todo esse sexismo no passado? Nós, PAIS! Ensinar, dar exemplo. Vamos mostrar a nossos filhos que TODO ser humano tem direto a suas ESCOLHAS. Somos livres pra escolher. Somos livres para sermos felizes exatamente COMO SOMOS. Vamos ensina-los a respeitar a escolha de cada um. Vamos alimentar esse ciclo saudável.

Fazer tudo isso é difícil? Bem, nada no quesito "fazer diferente" é fácil. Envolve em mexer com a gente, com nosso íntimo. Envolve refletir.

Então, vamos, neste dia internacional da mulher, refletir nesse ponto tão importante: ESCOLHAS! Que nós mulheres sejamos livres para termos nossa escolha, sem nos preocuparmos com olhares maldosos, maliciosos e julgadores. Sem que nos tratem com incapazes, inferiores, egoístas. E acima de tudo, que sejamos gentis uma com as outras.

Quem acha que aquela luta acabou no século passado, está profundamente enganado. Está só começando!



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