Mãe, não nasci pra obedecer!
Criar filhos é definitivamente a parte mais dificil de tê-los.
Simplesmente porque há várias teorias e direcionamentos mas a prática?
A prática é outra história.
Maria foi uma criança considerada tranquila e por muito tempo, eu fiz um discurso que julgava a criação alheia (sim, é ruim admitir nosso julgamento mas é verdade).
Aos poucos, a gente vai vendo que a maternidade é complexa demais pra ser igual pra todo mundo.
E que muitas coisas que a gente quer fazer, que lê na teoria acabam esbarrando no dia a dia, no cansaço, na noite mal dormido, na casa pra limpar.
Esbarram também na nossa própria criação, nos conceitos que já temos enraizados dentro da gente. Não significa que não é possível mas que é bem complicado.
Eu sou uma pessoa que gosta da conversa, do diálogo para educar os filhos mas infelizmente, tenho vivido muitos (muitos mesmo) tempo de gritos.
É um tal de "paraa!", "Nãoooo", "Não aguento mais", "Maria Eduardaaaa", "Julianaaa!!" (sobra pra mais nova também).
Odeio gritar. Me sinto em total perda de controle. Também tenho minhas convicções sobre palmadas e não pretendo ceder a elas mas o texto de hoje não é sobre punições ou castigos e como cada pai/mãe lida com isso.
Hoje eu queria falar do que tanto cobramos aos nossos filhos diariamente: OBEDIÊNCIA.
Em tempos complicados como os que vivemos, com tanto ódio, perda de direitos, preconceitos e machismo é essencial ensinar as crianças a DESOBEDECER.
Sim, são situações distintas. Em uma é uma criança em casa e na outra um adulto.
Entretanto, o que tem matutado na minha cabeça é justamente que estamos ensinando nossos filhos a aceitar tudo que é imposto. Idéias, leis, regras, direcionamentos e coisas mais simples como humor, preguiça, estado de espírito. Estamos podando na infância os questionamentos. Estamos mandando uma mensagem que questionamentos a pessoas mais velhas não são bem vindos. Então como vamos questionar no futuro um chefe, um síndico, um legislador de forma educada e firme?
Quando pensamos em meninas, futuras mulheres, a "desobediência" (os questionamentos) são ainda mais necessários. O termo "boa menina" é um dos mais escutados por aí e um dos que tenho lutado freneticamente para nunca dizer.
Afinal, o que seria uma boa menina?
O termo nos leva a pensar numa menina calma, obediente, pernas fechadas, fala branda.
"Seja um boa menina e obedeça....a mãe, o pai, ao marido."
Não questione, Não pergunte. É a mensagem que vem junto.
A sociedade patriarcal quer que nossas meninas cresçam sendo "boas meninas".
Com as nossas ordens, estamos indo além da obediência e muitas vezes estamos também:
Podamos a criatividade de novas idéias, de novas possibilidades
Podamos as descobertas
Podamos as opções (e as crianças nos trazem tantas opções incríveis)
Podamos o repensar e o respirar
Podamos o "SIM"
Lógico que acabamos ensinando a obediência de uma tal maneira que nos tornamos adultos não questionadores, não criativos, sem opções e que não sabem falar "NÃO!" e orgulhosos de suas idéias imutáveis.
E tudo isso veio de uma conversa com a minha filha mais velha, do alto dos seus 5 anos, que estava a refletir na sua cama porque ela não consegue obedecer (pois é, sim eu ainda uso muito a palavra obedecer. Lembra da prática? Vigiar sempre).
Ela virou pra mim e falou assim: Mãe, eu não nasci para obedecer!!!
Meu primeiro pensamento foi: Que bom!!! Essa menina não vai aceitar qualquer coisa!"
Meu segundo pensamento foi todo esse que escrevi aqui nesse texto porque tudo isso é no que eu acredito firmemente. A prática é um desafio e um exercício que não desistiremos nunca de tentar novamente.
Expliquei a minha filha que ela não precisa obedecer ou seja, acatar fielmente tudo que eu falo imediatamente.
Isso significa que ela vai fazer o que quiser? Não. Ela pode perguntar o porquê da minha fala para que eu possa explicar o motivo e ela pode dar outras opções e ideias. Assim, juntas vamos refletir e pensar em uma solução. Vamos buscar o diálogo.
As vezes, a minha decisão será mantida (portanto, ela vai obedecer) e as vezes, as gente pode sim, mudar e fazer uma opção dela. Conversei também que acima de tudo temos que ter respeito com a pessoa que estamos conversando porque assim, o dialogo flui e as duas pessoas se entendem melhor.
Isso significa que ela vai fazer o que quiser? Não. Ela pode perguntar o porquê da minha fala para que eu possa explicar o motivo e ela pode dar outras opções e ideias. Assim, juntas vamos refletir e pensar em uma solução. Vamos buscar o diálogo.
As vezes, a minha decisão será mantida (portanto, ela vai obedecer) e as vezes, as gente pode sim, mudar e fazer uma opção dela. Conversei também que acima de tudo temos que ter respeito com a pessoa que estamos conversando porque assim, o dialogo flui e as duas pessoas se entendem melhor.
Estou na esperança do caminho do meio.
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