Qual é o seu corpo ideal? Um pouco sobre amor próprio e maternidade.

Chegou até mim hoje um post do facebook com uma carinha e a seguinte frase: NÃO SE ESQUEÇA DE SE AMAR NOS DIAS DIFÍCEIS. Eu achei a frase tão real que é quase impossível se achar, olhar pra si com olhos de bondade e gratidão em dias que você não está bem emocionalmente.

Quando a gente vira mãe, se amar é difícil até nos dias bons! A maternidade muda o corpo drasticamente para a grande maioria das mulheres. Sim, falo por experiência própria. Sim, falo como uma pessoa que já viveu vários corpos oriundos do tal efeito sanfona. Nada te prepara para as mudanças do corpo pós maternidade. Se somarmos a isso o fato de estarmos em pleno puerpério, amor próprio é algo inatingível. Se ainda somarmos o fato da mídia vender em seus principais veículos que mulheres voltam ao "corpo normal" em menos um mês, não haverá mulher que se olhe no espelho e se reconheça.

Talvez a grande questão esteja justamente no se reconhecer. Olhar aquele corpo, com uma barriga que não foi embora com bebê, que carrega consigo marcas do cansaço típicas do pós parto, é quase uma certeza que você não existe mais. Aquela mulher, aquele corpo antes da gravidez desaparece entre a nossa própria expectativa e a pressão externa.

"Já perdeu quantos quilos?"
"Você vai ver que amamentar emagrece!"
"Tem certeza que não tem mais bebê aí?"
"Você viu que fulana já está com maior corpão novamente?"

Aos poucos o puerpério vai passando e para algumas mães, indiferente de quantos quilos perdeu, o corpo não é mais o mesmo. Ficamos a fio numa busca de voltar ao meu "corpo ideal", meu "corpo normal" ou sei lá mais qual característica estranha a gente denomina nosso corpo. É quase como se apesar das inúmeras vivências e crescimentos da vida, ainda ficássemos nos prendendo a um único corpo possível. A crença que aquele é o nosso número. Aquele é nosso corpo almejado.

De repente, essa busca avassaladora, que é muito apoiada pela sociedade de forma geral, vira uma grande frustração. Uma busca sem fim. Uma aceitação que nunca vem. E aí, aonde fica nosso amor próprio? Inexistente, jogado de escanteio, esquecido no fundo da mente, entre uma mamada e outra, entre um dar banho, colocar pra dormir e acordar pra escola.

Somos capazes de passar anos das nossas vidas desejando um corpo de 10 anos atrás. Somos incapazes de enxergar que tantos momentos e tantas vivências vão nos levar a corpos diferentes, em momentos diferentes. Quando a gente começa a amar o próprio corpo, é quando finalmente cuidamos dele melhor. Ao longo da vida, teremos muitos "corpos normais", "corpos ideais", cada um no seu momento e com sua história.

Em especial as mães, aprender o poder de acolher nosso corpo e as mudanças constantes que ele vive (e viveu) são de um fortalecimento ímpar. Essencial é garantir que muito além do amor que dedicamos aos outros, estamos dedicando um amor especial a nós mesmas. Assim, mesmo em dias difíceis, conseguiremos em meio a confusão, tirar desse amor tão especial, o amor a nós mesmas, a força pra seguir em frente e para confiar que para ser feliz e desfrutar dos momentos, nosso corpo é mais que ideal.

   

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