Como eu devo maternar - guia completo existe?

Já dizia vovó que ser mãe é padecer no paraíso. 
Ditado provavelmente oriundo das alegrias, prazeres, dores e dificuldades de exercer o tal do maternar, palavrinha que tem sido muito usada por aí. A questão entre o padecer e o paraíso há ou não o equilíbrio? Ou hora a gente padece e hora a gente desfruta dos prazeres do céu?

Uma das coisas que mais observo em tudo isso é que maternar é um modo meio único. Ninguém materna como a Marcela, como a Joana, como a Renata, como a avó, como a vizinha. Assim como cada filho é um, cada mãe é uma. Acrescento aqui ainda que estou concluindo que cada filho da mesma mãe também tem uma mãe diferente. Cada filho desperta na mãe uma necessidade distinta.

A vida nos mostra cada dia como somos diferentes e peculiares da nossa vivência e nas nossas escolhas. Acredito que toda mãe saiba que filho não vem com bula/instruções mas o que não é tão comum, é ver que não há um pacote único a ser seguido. Tem muitas mulheres que acham que para ser uma mãe legal, "cool", "consciente" é preciso seguir uma determinada cartilha descrita por uma série de autores (alguns inclusive homens) sobre como seria o melhor caminho a seguir com seu filho. Um pacote completo que vai da gravidez, passando pelo parto, a comunicação e os brinquedos. 

São vários livros pra ler, várias camadas pra desfazer na sua vida. De repente, durante o caminho você percebe que aquele guia completo não contempla você, suas crias, seu dia a dia, suas condições físicas, emocionais e financeiras. Se a gente modifica o maternar até durante a história, por que "comprar" um pacote completo de como agir? Quantas mães não fazem coisas que prometeram que nunca iam fazer e quantas mais não desfazem ações que faziam com o filho quando era bebê?

Quem tem poder para ditar uma cartilha da maternidade?
Quem deu/fez determinada coisa a vida toda e o filho não morreu? 
Quem estudou a vida toda sobre relações mãe/filho?
Quem acredita em instinto materno?

Ninguém dita. Nosso erro muitas vezes é esse. Achar que uns tem mais poder pra ditar regras na nossa casa ou nos nossos filhos. Estudos são importantíssimos e de maneira nenhuma eu reduzo o poder e as vantagens que eles trazem. No entanto, aonde entra os recortes de vivência, os recortes de uma situação econômica?

E como a gente não consegue aplicar o guia completo, a gente escolhe o remédio mais comum e mais amargo da maternidade:

Fracasso
Culpa
Erro
Sobrevivente

Não deixem o dedo a riste ser apontado para o seu maternar. 
Você é única. Seu filho é único. Sua história é unica. Sua escolha é única. Sacode sua culpa de "mãe maravilha" e jogue no vento.
Na mesma proporção, acolha o maternar da mulher ao lado.
Ele é exatamente como o seu. Não, no estilo e no jeito mas na liberdade de ser. 

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