Força, fortaleza...a vida não para

Eu diria que mamãe me criou para ser uma mulher forte. Eu quero muito criar minhas filhas para serem mulheres fortes. Mulheres que lidam bem com os altos e baixos da vida. Muita gente que convive comigo não sabe mas eu sou extremamente chorosa. Muitas coisas me fazem chorar, muita coisa me emociona. Essa é uma das minhas características que eu mais odeio. Esse papo de chorar por tudo me passa um ar de sensibilidade e fragilidade que eu não me identifico.

Por esse motivo sempre achei que minha mãe nunca tivesse conseguido me criar para ser forte. Que essa minha tal sensibilidade, que definitivamente salta dos meus olhos sem muito controle, fosse algo meu, talvez da minha lua em peixes (mentira, eu não entendo nada de signos). A questão é que nunca curti ser chamada atenção, sempre sabia que em brigas eu ia acabar chorando e saber que magoei uma pessoa que eu amo, acabava com mais e mais choro. Eu choro, eu soluço, eu não consigo falar e no dia seguinte ainda acordo de cara inchada. É o atestado para que ninguém tenha dúvidas que eu chorei.

A primeira vez que eu acreditei que eu era mais que um mar de lágrimas foi quando Juliana foi para UTI neonatal em estado gravíssimo. Eu desabei nas lágrimas. Eram minha válvula de escape. Quantas vezes eu não acordei na madrugada para chorar? E eu ouvia as pessoas falando da minha força, em como eu aguentava estar operada, estar todo momento ali e obviamente, eu vi que a gente aguenta sim, mesmo quando a situação tira seu chão. Eu não me sentia forte, me sentia "segurando as pontas"

De lá prá cá, ouvi várias vezes que sou forte. Então, estou chegando a conclusão que mamãe, uma das mulheres mais fortes que eu conheço, conseguiu passar (se isso passa, né, gente?) um pouquinho da sua fortaleza. Eu nem sei dizer o que é ser forte. Vejo tanta gente mais forte que eu, gente que faz milagre todo dia, sente que sobrevive quando ninguém mais acreditava nela, gente que eu admiro demais por ser fortaleza.

Talvez no meu mar de lágrimas há muita luta, muita coragem e muita descoberta do que eu mesma imagino. Tenho aprendido cada vez mais que choro não é tão sinal de fragilidade assim. Que apesar das lágrimas que brotam, eu não vou desmoronar, não vou sumir ao vento como um castelo de areia, não vou descer pelo ralo da pia. Isso aí deve ser a tal força que tanto falam. A tal força que eu ouvi de um sábio, que encheu meu coração de sei lá exatamente o quê, e meus olhos de lágrimas. É do amargo da vida que sairá minha força pra tornar tudo doce. Quando ele me abraçou, eu não tive dúvidas da força que ele falava. 

Essa força, essa sensação quase involuntária, nos dá a certeza que a vida é cíclica. Essa coragem, que provavelmente a gente não nasce com ela, não aprende em casa, mas que vem diretamente da vivência. É o impulso que nos move porque como diria a canção:

"A vida não para não
A vida é tão rara"

Força!


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