Mãe de menina - Dia Internacional da Mulher

Sou mãe de duas meninas como todos que me acompanham ou conhecem sabem. Muitos dos questionamentos relacionados ao feminismo chegaram em mim depois do nascimento delas. Hoje, em pleno dia internacional da mulher, eu decidir falar sobre meninas. Sobre mães de meninas.
As mães (e obviamente os pais) de meninos tem em suas mãos uma possibilidade única que é tentar criar um menino que respeite as mulheres, que reconheça seus privilégios.  Isso é incrível pois envolve uma chance de modificar o sujeito.

No entanto, eu vim falar do objeto, do objeto das agressões, das poucas oportunidades. As meninas. As mulheres. Quando a gente vira mãe de menina, já imagina tudo que espera nesse nosso mundão de luta para nossa filha. As brincadeiras que começam ainda na fase de bebê (de namoradinha, de dar um beijinho), na fase de criança (do "vai dar trabalho", "do namoradinho", "das brincadeiras de meninas e das brincadeiras de meninos), na fase da puberdade e adolescência (quando viram as "novinhas", qdo são tratadas e julgadas pelo seu corpo em desenvolvimento, pela roupa que estão vestindo, pelas oportunidades, pelos horários de saída) e até a fase adulta.

Menina já nasce no berço machista. Já nasce com seu útero controlado pelo estado, com suas decisões sendo ignoradas, com seu corpo sendo exposto e sua inteligência sendo negligenciada. 

Crescem acreditando em síndrome do príncipe encantado. Crescem acreditando que "todo homem é assim". Crescem sendo espelho do que convivem em casa, na casa da tia, na casa da vizinha. Crescem acreditando que agressão verbal e física é amor, amor demais. Crescem vivendo relacionamentos abusivos, sendo silenciada nos ambientes de trabalho, ganhando menos que seus colegas do sexo masculino.

A sociedade inteira vai julga-la porque ela deu, porque não deu, porque engravidou, porque é uma louca sem alma que nunca quis um filho. As nossas meninas crescem com uma maternidade compulsória com apontador de dedos de "só engravida quem quer" como pela primeira vez o sujeito da ação. Única, solo, sem apoio, louca.

Então, no dia 8/3, estamos em luta por nós, por nossas meninas e para garantir que não vão nos matar, nos silenciar, nos agredir e nos reduzir. 

A revolução só vai existir se for feminista e para todas as mulheres.




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