A copa do mundo das mães solo

Estamos em plena copa do mundo de 2018, sediada na Rússia. Nesse momento, o Brasil acaba de passar para as oitavas de final. Pelo título do texto, já dá saber que eu vou falar de copa do mundo mas não sobre futebol. Assim que a copa iniciou, surgiu uma reportagem falando que seis (6) dos onze (11) titulares da seleção brasileira foram criados apenas pela mãe. Espelho esse mais do que concreto do Brasil. Nosso país tem 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão e 57,3 milhões de lares chefiados por mulheres. E por que você está falando sobre isso? Tudo está refletido em duas palavras: abandono paterno.

Essencial a sociedade começar a discutir abandono paterno. Fazer cara feia, excluir, brigar, reclamar com homens que tem filhos e escolheram não ser pai ou porque abandonaram de vez suas crias ou porque estão satisfeitos com uma paternidade de visita, conveniente. A sociedade ignora, passa a mão na cabeça, justifica e dá desculpas aos pais que agem assim. 
"Homens amadurecem tarde"
"Homens não sabem demonstrar afetos"
"Ele bem que queria estar com os filhos mas não tem tempo."
"Ele promete que no mês que vem aparece"

Homens tem todo tempo do mundo para decidirem ser pais. Alguns não decidem nunca, alguns vão assumir sempre um papel "meia boca". Filhos não influenciam seus lazeres, seus empregos, suas carreiras, suas programações, suas escolhas. O filho é sempre pra quando dar, quando encaixar na agenda, quando os astros se alinharem de forma única que colabore para o aparecimento. É a saudades mais estranha do mundo que é vomitada pela boca mas que não liga, não aparece, não se importa. Os homens que não são pais escutam esses casos que relatamos e acham um absurdo. Acham que é um caso atípico ou tratam assim. NÃO É!  Se seu amigo tem filhos e leva uma vida de um homem sem filhos, tem alguém que está com o peso todo dessa balança.

Mães! As mães estão sobrecarregadas, enlouquecidas pensando como dar conta de tudo, de todas as demandas. Todas as facetas ficam no segundo plano: profissional, amorosa, amiga. E a sociedade exige isso e implica nos nossos empregos, nas nossas faltas e atrasos constantes, nos nossos relacionamentos, nos nossos conhecimentos. Ser mãe tem que ser lindo e nos bastar. Hoje mesmo vi uma cena na televisão que o filho questionou a mãe: Ser mãe não te bastou?

É isso que querem da maternidade, em especial a maternidade solo, que ser mãe nos baste, que ser responsável por uma criança que não é só sua te baste, que deixar sonhos pra trás seja compreensível. Enquanto você luta pela criança, o pai está sonhando, decolando a carreira, se devolvendo pessoalmente.

Esse dado dos jogadores do Brasil só veio ratificar a urgência da discussão do abandono paterno. A gente precisa cobrar dos amigos. Homens, conversem sobre o assunto! Parem de achar que filhos é assunto de mulher! Quem sabe assim, numa copa daqui algumas décadas, a reportagem não seja sobre jogadores e paternidade ativa? 



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