Tenha coragem e seja gentil!

Recentemente eu assisti novamente o filme Cinderela, que traz a linda mensagem que a personagem principal aprendeu com a mãe: Tenha coragem e seja gentil. Novamente, esse ensinamento me tocou porque diante de tantas expectativas que criamos para filhos, tantos desejos, anseios e sonhos, na verdade, tudo isso cai por terra. Nossos filhos terão suas próprias expectativas, desejos, anseios e sonhos.

Em mais uma das minhas conversas sobre mundo e vida com Maria Eduarda, cheguei a conclusão que a empatia que eu tento tanto ensina-la, eu aprendo cada vez que converso com ela. Nunca quis ser papo furado e para ser concreta, é preciso ação e exemplo. Não adianta ensinar os filhos a fazerem A se a gente faz B. Ao mesmo tempo, é essencial mostrar ao filho como somos aprendizes nessa vida.

Falamos sobre como as pessoas são vistas na sociedade, como podemos nos colocar no lugar do outro, como podemos abraçar a dor do outro quando possível. Conversamos sobre as dores do mundo e como é impossível lidar com toda ela mas que lidar com a dor do nosso próximo é tão complicada como mas bem mais possível. Se abrir pra dor do seu próximo é muito maior do que caridade. A caridade é linda, importantíssima, "dar sem olhar a quem" mas nem sempre ser caridoso envolve em ser empático. Você pode ser caridoso mas não vestir aquela dor ou situação.

Nem estou falando de coisas mirabolantes. Estou focando em coisas diárias. Fazer pelo outro o que eu gostaria que fizessem por mim. As vezes a gente não pode e as vezes a gente pode e não faz. Não faz porque acha que vai ser mole, que vai fazer papel de bobo, que vão "te passar pra trás", porque o capitalismo já é nossa realidade. Atitudes simples, que obviamente me incluo aqui, que não fazemos pelo outro porque ninguém fez por nós. Entretanto, ações que seriam facilmente cedidas a terceiros sem nenhum problema ou prejuízo.

Em tempos de ódio, sobra medo e uma visão individualista. E sem dúvidas, estamos vivendo tempos de medo. O ódio bate na nossa porta desde o hater na internet, ao colega de trabalho, até a política. O medo nos faz olhar para urgência e o amor não enche barriga. No entanto, quando a gente olha para outro e oferece "qualquer coisa" ou o trata como "qualquer coisa", nós estamos assinando nosso nome nessa lista de temor e ódio. O "Amai uns aos outros como eu vos amei" fica escondido dentro da bíblia.

Se algum dia, eu puder deixar algo para minhas filhas que seja a empatia. Eu busco diariamente ser mais empática com meu próximo. Nossas amarras sociais precisam ser desfeitas e nossa, é muito difícil. Lembrando da Cinderela, o que desejo acima de tudo para elas é que tenham coragem e que sejam gentis e amorosas. Porque só se muda o ódio com amor. E só prega amor quem tem coragem! Que essa geração cresça acreditando no poder do amor e da empatia. Livre da cegueira social que se esconde atrás de frases como "somos todos iguais" e bate no peito pra dizer que "eu não, até tenho amigo...". 
Que se rebelem, se apavorem e se choquem com tudo isso que a gente naturaliza. Que se sejam revolução, agregação, coragem. Para que assim como no conto de fadas, o amor triunfe no final.


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